Em Maria, a humanidade tornou-se contemporânea à sua origem, no desejo de
Deus. Maria, cheia de graça, é inserida no movimento da vida divina, que
consiste eternamente em uma explosão de vida saída do coração do Pai para dar
vida ao Filho, no beijo de amor do Espírito Santo. Deus quer compartilhar esta
explosão de vida com a sua criatura. Não existe outro Dom como este na
eternidade e Ele quer que a criatura entre nessa correspondência de amor, e que
promova, igual e eternamente, uma troca incessante de amor. "Aqueles que me
deste quero que, onde eu estou, também eles estejam comigo" (Jo 17, 24). Jesus
tem a sua morada, exclusivamente na vontade do Pai, Aquele que dá a vida. A
criatura é tirada do vazio para permanecer, ela também, neste amor e participar
da torrente esfuziante da vida.
Acontece, então, em Maria, o que acontece eternamente em Deus: a criação do
Ser Único. Ela é imaculada e permite que o amor entre sem obstáculos. Sem esta
porta aberta, o mundo jamais teria surgido da noite. Sobre o caos do nada, o
Espírito jamais poderia surgir para oferecer o seu poder fecundo.
Mas, o "sim" eterno de Deus ouve do fundo da noite o "sim", de uma pequena
criatura que, com toda a confiança, aceita ser, apenas o eco do coração de Deus.
Uma vez superada a desconfiança, a humanidade não se debate mais no inferno da
suspeita e do medo. Se neste inferno ela se deixa mergulhar - porque a liberdade
permanece íntegra em cada pessoa e em cada geração da história - ela pode
compreender, imediatamente, que um novo início lhe é sempre oferecido no ato
reconciliador da Cruz.
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