Brasília (RV) - O Conselho Permanente da CNBB, reunido entre 24
e 26 de outubro, em Brasília aprovou com emendas e correções um texto contendo
orientações pastorais dirigidas aos operadores de todas as mídias que no Brasil
se apresentam como católicas. O documento foi preparado com a participação de
todas as comissões pastorais da Conferência e traz considerações importantes a
serem observadas na TV, no Rádio, nos impressos e nas chamadas mídias sociais
da Igreja.
Dom Darci José Nicioli, presidente da Comissão Episcopal para a
Comunicação, coordenou todo o processo de composição do documento e foi
encarregado pelo Conselho a dar continuidade ao processo que inclui a revisão,
publicação, divulgação do documento por meio de ano de estudos e debates com os
operadores das mídias.
Ele falou à Assessoria de Imprensa. Confira a entrevista:
Este novo documento
da CNBB com orientações para a mídia católica tem que tipo de origem? Por que
foi necessário fazer esse texto?
Todos os documentos que emanam da nossa Conferência Episcopal
nascem da solicitude dos nós bispos em vista da animação da ação evangelizadora
no Brasil. Nenhum desses textos é produzido sem essa mística. Em colegialidade
fraterna, procuramos nos debruçar, na medida do possível, sobre todas as
realidades que compõem a nossa ação pastoral. O campo da comunicação é
importantíssimo! Lançamos o nosso Diretório Nacional para a Comunicação em 2014
e, desde aquele período, temos pensado em traduzi-lo em orientações
explicitamente pastorais para ajudar os operadores da mídia católica e de todos
os que atuam na mídia e assumem sua catolicidade.
A necessidade de orientação para campos específicos do
apostolado é comum à nossa ação evangelizadora. E vivendo em tempos de grandes
transformações e expansão midiática, esse ambiente da vida eclesial e social
pediu dos nossos bispos uma reflexão mais específica. Foi por isso que, por
longos meses, estamos trabalhando nesse texto que foi aprovado pelo Conselho
Permanente da CNBB e que, logo, estará nas mãos de todos os irmãos e irmãs que
atuam em todas as mídias. Não é um texto pronto e acabado, mas um instrumento
de estudo que poderá receber a influência de todos os que, efetivamente, atuam
em mídias em nome da Igreja.
Quem são, então, os
destinatários desse documento? A CNBB apresenta essas orientações aos
diretores, responsáveis ou a todos os comunicadores católicos?
Os bispos decidiram falar aos operadores de todas as mídias que
se apresentam como católicos diante da sociedade, tanto os que atuam em
veículos da Igreja como aqueles que ocupam espaços próprios ou de terceiros e
querem se comunicar a partir da experiência de fé vivida na Igreja Católica.
Isso significa que o documento é dirigido a proprietários, diretores,
redatores, editores, apresentadores, artistas, repórteres, produtores de
conteúdo e qualquer outra pessoa – profissional ou não – que esteja na árdua
tarefa de comunicar o evangelho de Cristo em todas as mídias.
Adotamos o termo mídias para respeitar a diversidade dos espaços
físicos e digitais que são hoje ocupados pela comunicação. Com isso queremos
chegar não apenas aos olhos e ouvidos, mas aos corações de todos aqueles que
trabalham nas emissoras de TV e Rádio, ligadas à Igreja de algum modo e também aqueles
que participam dos meios laicos e se apresentam neles como católicos. Um dos
destinatários pensados pelos bispos – enquanto preparávamos este documento que
contou com a colaboração de vários comunicadores e de todas as comissões
pastorais da CNBB – é o produtor de conteúdo na internet. Queremos também
dialogar com as pessoas que assumem esse novo ambiente em sites, blogs ou redes
sociais.
Quais são os
principais temas abordados neste documento?
O texto é bem abrangente. Destaco alguns temas importantes: é
fundamental o trabalho de todos, especialmente das mídias, em prol da unidade
da Igreja; é fundamental que cada mídia consiga expressar a catolicidade; as
mídias têm responsabilidades na formação da cidadania, conforme orientação da
doutrina social da Igreja; as mídias também são importantes para a catequese
litúrgica, uma vez que “fazem escola” nas comunidades locais; a ética dos
agentes que interagem nas mídias, particularmente na questão comercial de
produtos ligados ou não à religião; cumplicidade na missionariedade da Igreja;
compromisso com a Palavra, a Tradição e o Magistério, pois é isso que define a
catolicidade de uma Midia que se diz a serviço da Igreja.
Conforme o senhor
disse, o texto ainda deve fazer um percurso antes de chegar à sua redação
final. Por que desse método e como ele será aplicado?
A CNBB sempre agiu desse modo com todos os seus documentos
oficiais. Há sempre um período para que as comunidades, os pastores, os padres,
os religiosos, os leigos possam colaborar na formulação de caminhos para uma
pastoral orgânica, uma ação evangelizadora participativa e que seja eficaz no
anúncio do Evangelho de Cristo. Com esse documento não é diferente. O Conselho
Permanente aprovou um texto que será publicado na série verde dos “Estudos CNBB”
e este trabalho, em seguida, fará ainda um trajeto peregrinando entre os
comunicadores da Igreja do Brasil, suscitando reflexão e engajamento.
O Conselho Permanente encarregou a Comissão Episcopal Pastoral
para a Comunicação de animar esse processo. Logo que o texto estiver finalizado
– com as últimas correções pedidas – e publicado pela CNBB, apresentaremos aos
comunicadores de todas as mídias um cronograma de trabalho. É desejável que na
Assembleia Geral de 2019, depois do amplo trabalho de debates, correções,
emendas e sugestões, apresentemos a proposta de um texto final, para a
aprovação dos bispos.
Nesse tempo de
estudos, quais serão as prioridades da Comissão para a Comunicação da CNBB?
A primeira providência será de criar condições para que todos os
comunicadores que atuam nas mídias no Brasil tenham acesso e possam conhecer a
integralidade das orientações pastorais propostas pela CNBB. Acreditamos que
isso não pode ser apenas confiado à adesão espontânea que, apesar de
necessária, pode durar muito tempo. Vamos propor datas e encontros para a
leitura desse texto, considerando a especificidade das mídias.
Uma segunda prioridade será aquela de fazer que essas
orientações não sejam apenas conhecidas, mas experimentadas na prática de cada
uma das mídias. Precisamos evitar promover debates da letra pela letra e trazer
o elemento da prática para aprofundar o que o texto propõe. Nesse sentido,
precisamos levar as orientações para as redações das TVs, dos Jornais, das
revistas, dos produtores de conteúdo na internet, etc.
Ainda uma ação importante, entre outras que poderemos realizar
no decorrer do processo, é estabelecer um cronograma para receber contribuições
– a partir do conhecimento e da prática das orientações – para que sejam
inseridas no texto a ser apresentado em 2019.
O senhor não acha
que muita coisa para pouco tempo?
Acho sim! Mas, comunicadores católicos são arrojados e
corajosos. Ninguém brinca em serviço! São criativos e céleres! Eles têm uma
capacidade de produção que a maioria de nós desconhece completamente. Quando a
gente vê um programa bonito, uma reportagem bacana, uma campanha legal nas
mídias, às vezes, não nos damos conta que foi um grupo enorme de pessoas que
trabalhou com talento, dedicação e carinho e trouxeram aquilo para o público, a
tempo e a hora. Basta um bom planejamento e a adesão dos comunicadores. Nós
conseguiremos!
A Igreja no Brasil merece o nosso esforço! O compromissa da fé
em Jesus Cristo, nosso Redentor, pede nossa adesão para que tenhamos todas as
áreas da evangelização bem refletidas nos trabalhos que são realizados no
ambiente midiático. Este documento não é da Comissão de Comunicação, é um
documento da CNBB e considerou a participação de todas as grandes linhas do
nosso trabalho pastoral no Brasil! Gente boa! Meu agradecimento e abraço a
todos!
(CNBB)
Nenhum comentário:
Postar um comentário