quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Dirceu diz que houve "julgamento paralelo" em reportagem da Globo


Foto: José Cruz/Agência Brasil
Condenado no julgamento do mensalão, o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu criticou nesta quarta-feira reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo, a qual qualifica de "espetacularização" e "julgamento paralelo". "O JN de ontem constituiu-se em um verdadeiro julgamento paralelo e, mais grave, sem qualquer espaço novo ou direito de defesa para os réus ante as acusações, o partidarismo e o cunho ideológico conferidos ao noticiário", escreveu.

Homem forte durante o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva na presidência, Dirceu foi condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha. O Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que o político chefiava o esquema de pagamentos de parlamentares em troca de apoio para sustentar o governo. Procurada, a Rede Globo ainda não se manifestou sobre as críticas de Dirceu.

José Dirceu questionou o tempo da reportagem - quase 20 minutos -, o que, segundo ele, é uma "raridade" no telejornal. "Tudo dentro do calculado objetivo de influenciar, também, no resultado do segundo turno das eleições municipais de domingo próximo". Ele acusou a emissora de colocar o noticiário do julgamento "sempre colado ao relativo à eleição e à propaganda eleitoral do PT".

Dirceu questionou ainda que a Globo se pautou em buscar um afastamento da avaliação técnica dos autos para se aproximar de um "linchamento político". "Isenção e imparcialidade, que nunca foram o forte no noticiário da emissora sobre o caso, desapareceram de vez nesta edição".

O mensalão do PT

Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex- presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Fonte: terra.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário